quinta-feira, 29 de março de 2012

Degradação ambiental (6): ALERTA, a vegetação, a fauna, o solo, o subsolo e a água continuam sendo degradados pelo sergipano, que já está se tornou vítima de seus próprios procedimentos.

Em Aracaju, o manguezal vem sendo degradado, desde a “construção” da cidade em 1855, sem direito a trégua. Atualmente, a morte das árvores do manguezal da Praia Treze de Julho ganhou ritmo acelerado, o que é compatível com o desejo de muitos "cidadãos" inconscientes de especular sobre aquele recurso natural.


Mangue morto na Praia Treze de Julho. (Março, 2012).
Dentro do bosque, o solo encontra-se coberto com detritos que chegam pelos canais pluviais, além do lixo continuamente depositado. Árvores irremediavelmente secas, denunciam prováveis causas que vão além do simples esgoto doméstico. Substâncias tóxicas provenientes de várias fontes podem ser a causa. Diversos agentes provocam mortandade do manguezal: óleos lubrificantes, desengraxantes, óleo de cozinha, dentre outros.


Solo do bosque de mangue na Treze de Julho.


Esgotos "in natura" continuam promovendo grande desconforto ambiental, criando uma atmosfera irrespirável em toda a capital. O odor fétido de esgotos se espalha por todos os bairros de Aracaju, notadamente no "Jardins". Esgotos são lançados de forma absurda em um lago de água doce que fica no Parque da Sementeira.

O "Esgoto dos Cisnes" uma peça de péssimo gosto!
Lixo e aterro podem ser observados ao longo dos manguezais situados em outras partes, como no bairro Inácio Barbosa. Na região da "Prainha", na Atalaia, a carga de esgotos é imensa!

Lixo e aterro no Inácio Barbosa.


Esgotos volumosos que desaguam no mangue da "Prainha", Atalaia.

A atmosfera vem sendo  agredida continuamente, não só pela queima de combustíveis fósseis, mas também pelas queimadas dos canaviais, florestas, restingas, lagoas costeiras, e do lixo, de vários tipos. O sergipano tem mania de tocar fogo até como diversão. Lamentável!

Lixo de oficinas mecânicas sendo incinerado no fundo da ADEMA! 28/03/2012.

Lagos costeiras sendo incendiadas, na região do Mosqueiro. (26/03/2012).

Lixo incinerado em ponto turístico: Praia do Saco, Estância. A vegetação seca durante o verão é alvo de vandalismo, como pode ser verificado na foto seguinte. Acontece em todo estado! Uma vergonha!
Lixeira na Praia do Saco, Estância.

Mata de restinga, continuamente incendiada! Caueira, março 2012.

O mais interessante é o seguinte:
"O Pelotão Ambiental é uma subunidade da Polícia Militar de Sergipe que atua na proteção do meio ambiente, com o fito de mantê-lo ecologicamente equilibrado, por meio da preservação do bioma Mata Atlântica, manguezais, vegetação de restinga, caatinga, fauna, flora e recursos hídricos e minerais. O crime flagrado está tipificado no Artigo 38-A, da Lei 9.605/98 (Lei de crimes ambientais)."
O que impede esta subunidade da Polícia Militar de Sergipe de coibir tais abusos?

POSTAGEM EM CONSTRUÇÃO!


sábado, 4 de fevereiro de 2012

Degradação ambiental (5): ALERTA, áreas importantes de manguezal estão correndo o risco de serem dizimadas.

Além dos ESGOTOS "in natura" o LIXO está também dizimando os manguezais na 'Capital da Qualidade de Vida'. Grande quantidade de lixo pode ser observada em toda extensão dos bosques de mangue que rodeiam as regiões costeiras e estuarinas da Grande Aracaju. Em algumas áreas, na zona de maior especulação imobiliária (Treze de Julho, Jardins), o lixo foi recentemente coletado. Apesar disso, a população continua a repetir esta prática danosa. 


Lixo depositado pela população, na orlinha do Bairro Industrial (04/02/2012).
Soma-se aos esgotos “in natura” e ao lixo, a ocupação desordenada de áreas de manguezal importantes, como no Rio Poxim. Casas, barracos e outras edificações, contribuem com mais esgoto, lixo e aterros!

Rio Poxim, no Distrito Industrial, sendo assoreado por restos de construção e muito lixo.
O manguezal já foi aniquilado em muitos trechos desse canal.

Aterro em área de manguezal constitui alto impacto ambiental, portanto, CRIME com pena prevista em Lei. O impacto é provocado pelo ‘cidadão’ à partir de atividades distintas com o objetivo de satisfazer necessidades individuais ou coletivas da sociedade, modificando o meio ambiente.

Zona de expansão imobiliária, no Santa Lúcia.

Importância do manguezal no equilíbrio ambiental: além de proteger a costa, esta formação fitogeográfica funciona como regulador climático e verdadeiro filtro de poluentes. Esses atributos tornam essencial a sua preservação diante do processo de urbanização que se acelera (1).
O manguezal é grande exportador de matéria orgânica para o estuário, contribuindo para produtividade primária na zona costeira. Peixes, moluscos e crustáceos encontram as condições ideais para reprodução, berçário, criadouro e abrigo para várias espécies de fauna aquática e terrestre, de valor ecológico e econômico. Produzem mais de 95% do alimento que o homem captura do mar; sua manutenção é vital para a subsistência das comunidades pesqueiras que vivem em seu entorno. A vegetação de mangue serve para fixar as terras, impedindo assim a erosão e ao mesmo tempo estabilizando a costa. As raízes funcionam como filtros na retenção dos sedimentos (1)
Os principais fatores que causam alterações nas propriedades físicas, químicas e biológicas do manguezal: aterro e desmatamento; queimadas; deposição de lixo e esgoto; lançamentos de efluentes industriais; dragagens;  construções de marinas e também a pesca predatória!

     Esgotos de vários tipos estão sendo lançados em canais pluviais que adentram o manguezal.
                                                                     Mangue da Prainha, Atalaia.  

COMEÇANDO ERRADO! "O quadrado de Pirro".
Em Aracaju, o manguezal vem sendo degradado desde a “construção” da cidade, em 1855. Na época, foram ignoradas as características ambientais da planície estuarina em que se situa (1).
Ignácio Barbosa convidou o Engenheiro Sebastião José Basílio Pirro para elaborar o plano urbanístico da cidade. O “quadrado de Pirro”, como ficou conhecido, ocupou uma área recoberta por terrenos alagadiços e manguezais, às margens dos riachos Aracaju, Olaria e Caborge, extintos afluentes do rio Sergipe. Desde então, o crescimento urbano de Aracaju, deu-se através de cortes e aterros generalizados do manguezal, desconsiderando qualquer valor ambiental que essa formação fitogeográfica pudesse representar (1),(2).

URGENTE, precisamos educar os cidadãos para que se tornem seres humanos menos materialistas e mais apegados aos valores morais estando, entre eles, a consciência ecológica. 



Referências: 

(1) ANDRÉ VINICIUS OLIVEIRA DE LIMA Degradação dos manguezais do município de Aracaju em decorrência da urbanização - Anais XVI Encontro Nacional de Geógrafos. Porto Alegre 2010.

(2) PORTO, F.F. A cidade de Aracaju 1855-1865: Ensaio de evolução urbana. 2ª Ed.
Aracaju: Governo de Sergipe/FUNDESC, 1991









sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Degradação ambiental (4): ALERTA, áreas importantes de manguezal estão correndo o risco de serem dizimadas.


Esgotos "in natura" estão matando o manguezal na Praia Treze de Julho. Além disso, promovem grande desconforto ambiental, criando uma atmosfera irrespirável com prováveis impactos à saúde. 

Mais grave ainda (segundo informações seguras!), existe um desejo incontido de alguns residentes de prédios de luxo na "Treze", aqueles que ficam em andares mais baixos, de  aniquilar o manguezal naquela região. A razão: as árvores do mangue estão impedindo estes "cidadãos" de avistarem as praias! 
Definitivamente: o ar poluído da "Treze" está contaminando os cérebros das pessoas!

MANGUE SECO, por causa da péssima qualidade dos efluentes carregados de esgotos.

No mínimo indecente, para não falarmos de egoísmo, ignorância, inconsequência, etc.
Barreira de edifícios na "Treze", local onde as árvores do manguezal impedem que os donos de apartamentos de luxo possam observar o oceano das suas varandas! (click na imagem para ampliar)

ESTAMOS EM ESTADO DE ALERTA. Vamos ficar atentos às providências que deverão ser tomadas pelo  Poder Público para coibir tais abusos.  O manguezal está secando em toda sua extensão, como pode ser visto na foto abaixo. 
Será mesmo resultante, exclusivamente, das substâncias tóxicas do esgoto?

Manguezal da Treze de Julho, secando em toda sua extensão.


Já aconteceu antes, na Coroa do Meio, quando o manguezal secou da noite para o dia!  Os manguezais são muito mais importantes para  o oceano global do que anteriormente previsto. As árvores de manguezal, cujas raízes pneumatóforos protegem as zonas úmidas costeiras, formam um importante habitat, berçário para inúmeras espécies de peixes, crustáceos, mamíferos, aves e insetos. Cobrem menos de 0,1% da superfície terrestre, e mesmo assim são responsáveis por 1/10 do carbono orgânico dissolvido (COD) que flui da terra para o mar. Pesquisas sobre a saída de carbono do manguezal no Brasil sugerem que esta é uma das principais fontes de matéria orgânica dissolvida no oceano.

Não vamos permitir que atitudes ignorantes e egoístas contribuam ainda mais com o caos ambiental em Sergipe.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Degradação ambiental (3): áreas litorâneas importantes estão sendo ocupadas de forma inadequada, causando prejuízos à Flora e Fauna.

Os processos de degradação ambiental existentes já causam efeitos danosos no equilíbrio dos ecossistemas costeiros de Sergipe: redução ou destruição de habitats, afugentamento da fauna, morte de espécimes da fauna e da flora terrestres e aquáticas, com provável interrupção de corredores de fluxos gênicos e de movimentação da biota. 

MANGUE SECO: esgoto sem tratamento está matando o mangue na capital da qualidade de vida!
Foto: Praia Treze de Julho.
Resultados obtidos em 2008 por Almeida e Barbieri (1) indicam que o manguezal da 13 de julho constitui um importante ecossistema para avifauna local e serve como sítio de passagem e de invernada para aves migrantes. Estes achados demonstram que a costa do Estado de Sergipe é uma importante região utilizada como ponto de parada e forrageio para algumas espécies (1)

Ainda, de acordo com os pesquisadores "a avifauna observada demonstra uma grande dependência a esse ambiente". Garças, socós, os maçaricos e batuíras foram as principais aves observadas, destacando-se o guará, Eudocimus ruber. Um único representante do guará foi observado, constituindo um acontecimento muito importante, considerando-se que esta espécie está na lista dos animais ameaçados de extinção do IBAMA (1).

Esgotos "in natura" podem gerar, além do desconforto ambiental, impactos à saúde causados pela poluição do ar, da água e do solo. A desfiguração da paisagem é outro aspecto provocado pelo avanço descontrolado de projetos imobiliários. A qualidade das águas dos rios e das regiões estuarinas estão sendo prejudicadas em razão da turbidez provocada pelos sedimentos em suspensão, assim como pela poluição causada por substâncias lixiviadas e carreadas nos canais pluviais, tais como óleos, graxa, metais pesados, contaminando inclusive as águas subterrâneas.

Esgotos provenientes de diversas fontes (casas, prédios, empreendimentos comerciais, postos de lavagem e bastecimento de veículos, etc.) sendo carreados pelos canais pluviais do bairro Jardins.


Muitas áreas do litoral sergipano já foram alteradas, com modificações permanentes das condições primárias dos ecossistemas (2). A praia da Atalaia vem sendo continuamente modificada, e as espécies de aves encontradas nesta localidade já não são apenas aves estritamente associadas ao ecossistema de praia (2).

O aumento na população de caracarás (Caracara plancus) parece ser um exemplo de desequilíbrio ambiental. "A comprovação de que esses indivíduos estão se alimentando dos restos de comida e do lixo deixados na praia demonstra que a atitude humana vem sendo uma das causas, e está contribuindo para a permanência e, consequentemente expansão populacional desta espécie" (3). A presença desta ave pode ocasionar vários problemas, desde interferência ecológica, como predação sobre outras espécies (inclusive maçaricos), até no âmbito de segurança do tráfego aéreo, já que a praia fica a menos de 4 km do Aeroporto Internacional de Aracaju (2).

Praia Treze de Julho: esgotos e lixo - Caracarás.

Muito importante: através de análises e comparações com estudos anteriores, os resultados parecem indicar um declínio na média global das aves limícolas na praia da Atalaia ao longo dos anos (2). "Esse declínio pode ser resultante do aumento das pressões ambientais e humanas, ou podem ser uma oscilação natural na distribuição das espécies ao longo das rotas migratórias. O número de aves pode não estar diminuindo, mas possivelmente o tempo de permanência e uso das aves na praia da Atalaia pode estar sendo afetado" (2)
"As atividades recreativas, principalmente durante as festividades de final de ano e carnaval, podem aumentar os efeitos negativos, justamente no período crítico, das migrações" (2).

Lixo acumulado nas margens do Rio do Sal.



Além das perdas estéticas, o lixo pode trazer sérios prejuízos ao ambiente marinho: favorece o desenvolvimento de microrganismos (fungos, bactérias, vírus, etc.) causadores de doenças como micoses, hepatite e tétano. Acúmulos de lixo abrigam vetores de doenças, como moscas, baratas e ratos. No caso da fauna marinha, o lixo causa diversos transtornos: garrafas e outros recipientes podem aprisionar pequenos animais; plástico e isopor são confundidos com alimento e ingeridos  inadvertidamente por peixes, aves, répteis e mamíferos, que geralmente morrem por obstrução do aparelho digestivo, na maioria dos casos. 





ESTA POSTAGEM ESTÁ EM CONSTRUÇÃO: COMPLEMENTOS SERÃO ADICIONADOS.
























(1) Almeida, B. J. M. & Barbieri, E. Biodiversidade das aves do manguezal da 13 de julho em Aracaju, Sergipe. O Mundo da Saúde, São Paulo, v. 32, n. 3, p. 317-328, 2008.
(2) Bruno Jackson Melo de Almeida, 2010. AS AVES LIMÍCOLAS MIGRATÓRIAS NAS PRAIAS DE ARACAJU: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA ANTRÓPICA E CONTRIBUIÇÃO PARA AÇÕES DE DESENVOLVIMENTO COSTEIRO Dissertação de Mestrado apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe
(3) Almeida, B. J. M. de; Souza, A. G.; Aguilar, J. M. R. E. & Ferrari, S. F. Abundância
comparativa dos registros do caracará (Caracara plancus Miller 1777) feitos nos
períodos de 2004-2005 e de 2008 a junho de 2009, na praia da Atalaia, Aracaju-Sergipe.
In: III Congresso Latino Americano de Ecologia, São Lourenço, MG, 2009. Anais do III
Congresso Latino Americano de Ecologia. p. 1-3.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Degradação ambiental (2): os processos iniciados antes da criação da APA estão sendo intensificados, comprometendo a manutenção dos ecossistemas naturais.

“Quando da Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio-92, os países participantes assumiram o compromisso e o desafio de internalizar, em suas políticas públicas, as noções de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentável. Assim, foi criada por decreto presidencial a Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 21 – CPDS, tendo como função coordenar o processo de elaboração e implementação da Agenda 21 Brasileira (1).
A Gestão dos Recursos Naturais é um dos diversos eixos temáticos usados como base para a discussão e elaboração da Agenda 21 Brasileira.
“A gestão integrada dos recursos naturais consiste no estabelecimento de um conjunto de ações de natureza administrativa, em um determinado espaço ou unidade de planejamento, que considere as inter-relações entre os recursos naturais e as atividades socioeconômicas”Gestão é, em outras palavras, o modus operandi cuja premissa básica é manter os recursos naturais disponíveis para o desenvolvimento, hoje, amanhã e sempre(1)

Contínua degradação da restinga situada na APA (litoral sul de Sergipe, Itaporanga/Estância).
 O Litoral Sul de Sergipe foi contemplado com a criação de uma APA (Área de Proteção Ambiental) e conta com instrumentos de planejamento: Zoneamento Ecológico-Econômico, Plano de Manejo, Planos de Intervenção das Orlas Marítimas e Conselho Gestor. Mesmo assim os processos de degradação iniciados antes da criação da APA estão sendo intensificados, o que compromete a manutenção dos ecossistemas naturais.

Visão panorâmica de uma área degradada recentemente na APA do litoral sul de Sergipe (clique na foto para ampliar).
Regular o uso e a ocupação do solo por meio de métodos e técnicas de planejamento ambiental, incluindo as diversas formas de zoneamento, a articulação e o gerenciamento de unidades espaciais de importância para a biodiversidade e para a conservação dos recursos naturais, fazem parte das estratégias e propostas de ações estabelecidas pela CPDS.

Ponte Gilberto Amado (Rio Piauí), entre Porto dos Cavalos (Estância) e Terra Caída (Indiaroba).
Segundo o governo do estado: "a obra no território Sul vai permitir o desenvolvimento do complexo turístico da foz do rio Real, que engloba os povoados Convento, Pontal e Crasto, a Ilha do Sossego, a Praia do Saco e a Ilha da Sogra, além de Mangue Seco (BA)". "O que falta agora é atrair o turista." O governo encara o turismo como Política de Estado e considera Sergipe pronto para atender o turista. (2)
Além disso, "a obra sobre o rio Piauí,  será fundamental para que o estado consiga alcançar o seu projeto de se tornar uma das sub-sedes da Copa do Mundo que será realizada no país em 2014". (2)

Vista do estuário dos Rios Piauí, Real e Fundo (Porto dos Cavalos) com manguezal exuberante ainda preservado.
Concordamos que o "resultado dessas ações é a geração de mais emprego, maior ocupação da rede hoteleira, aquecimento das vendas no comércio e, por conseqüência, a melhoria da arrecadação fiscal”. Mas, quais as consequências disso, no que se refere ao impacto ambiental? Quais são as estratégias, as ações propostas e/ou implementadas para o uso e ocupação dos ambientes em questão?
Estariam sendo cumpridas as regras básicas para a implementação desses serviços em locais que necessitam de grandes cuidados com a preservação ambiental? No caso, a região costeira, com suas lagoas, estuários e manguezais? Não é o que está sendo observado!
A utilização dos recursos típicos da zona costeira é de grande importância para a  sobrevivência das populações tradicionais ali residentes. Com o desenvolvimento dessas comunidades, os recursos do manguezal, por exemplo, passarão a ser usados com mais intensidade. A construção de rodovias e pontes na região poderá transformar-se em um dos principais impactos antrópicos na costa de Sergipe, ou mesmo do nordeste. Poderá melhorar o turismo e as condições de escoamento da produção local, mas afetará irremediavelmente a diversidade e a paisagem local. 
Outrossim, o aumento do impacto será proporcional à demanda local. O efeito da intensificação do extrativismo será mais visível nos produtos de origem animal, principalmente no peixe e no caranguejo, principais insumos da região estuarina. A  comercialização  em larga escala do pescado, já está provocando impactos negativos na zona costeira, pois o que era uma prática de subsistência transformou-se em prática predatória.
Outro problema grave se refere ao descarte de resíduos sólidos e líquidos; a água já está sendo contaminada de muitas maneiras: pela acumulação de lixos e detritos e pelos esgotos domésticos lançados sem tratamento nos rios ou no mar.
Corridas desenvolvimentistas possuem aspectos positivos, mas a ocupação desordenada e a apropriação e o uso desmedidos dos recursos ali existentes podem desembocar em impactos ambientais, sociais e econômicos irreversíveis na zona costeira sergipana, ou mesmo brasileira.


(1) AGENDA 21 BRASILEIRA

(2)(http://www.agencia.se.gov.br/noticias/leitura/materia:16522/governo_de_sergipe_inicia_construcao_da_ponte_sobre_o_rio_piaui.html)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Degradação ambiental: falta de planejamento resulta em destruição de lagoas costeiras.


A zona costeira brasileira estende-se por mais de 6 mil km, abrangendo uma área de aproximadamente 3 milhões de km2, com ampla variedade de ecossistemas: manguezais, recifes de corais, dunas, restingas, praias arenosas, costões rochosos, lagoas e estuários. Estes ambientes abrigam inúmeras espécies da flora e fauna, muitas das quais endêmicas, e algumas ameaçadas de extinção (1).
Da mesma forma, na região litorânea do Estado de Sergipe, há uma grande diversidade de ambientes: restingas, dunas, lagoas e manguezais, além da presença de tabuleiros costeiros caracterizados por súbita elevação do terreno, cobertos por vegetação de transição cerrado/floresta. Além dessas feições associadas aos diferentes tipos de vegetação, é importante mencionar a existência de inúmeras lagoas normalmente relacionadas às depressões entre os cordões dunares, as Lagoas Costeiras

Dunas fósseis e Lagoa Costeira (Abaís), região litorânea no município de Estância.
A existência das lagoas costeiras está vinculada às transgressões marinhas que ocorreram durante o Quaternário, quando surgiu a maioria das lagoas costeiras do Brasil. Ocorrem ao longo do litoral brasileiro constituindo um dos conjuntos de ecossistemas aquáticos continentais mais representativos. Apresentam diferentes tamanhos e características, sendo permanentes quando mantidos por afloramento do lençol freático e temporários em função da acumulação de água em épocas de precipitação (2).


Panorâmica da baixada litorânea adjacente às dunas recentes - Clique na foto para ampliar.
Lagoas costeiras, estuários e manguezais são de grande importância para a fauna aquática, por constituírem locais de refúgio, reprodução, criatório e fonte de nutrientes. Muitas espécies de aves e mamíferos frequentam esses locais em busca de alimentação. Representam o ambiente ideal para algumas espécies, defendendo as terras da agressão da salinidade e preservando os litorais da erosão marinha. Funcionam como reguladores do clima,  além de possuírem grande importância econômica, social e turística quando utilizados de forma racional  (2)

São ambientes aquáticos pouco estudados. A supressão desses ecossistemas  vai eliminar inúmeros nichos ecológicos, empobrecendo a biodiversidade,  alterando o clima e perturbando as permutas entre águas superficiais e subterrâneas. 

Região sul da capital Aracaju - Panorâmica das lagoas em Aruana/Mosqueiro. Clique na foto para ampliar
A imagem acima é uma amostra do descaso com as lagoas costeiras em Sergipe. Nestes ambientes, o meio aquático é submetido a diversas formas de agressão. Poluição e contaminação (lixo, esgoto) muitas vezes levam estes recursos a um desequilibro com consequências irreversíveis a toda fauna e flora que nele habitam e o utilizam para sobrevivência.

Lagoa sendo dragada, zona de expansão de Aracaju.
A retro-escavadeira (acima) não está só descaracterizando a fisionomia da lagoa, mas também a flora e a fauna subaquática e anfíbia. Uma das vítimas de tamanha crueldade é o quelônio Phrynops geoffroanus cfque vive nas lagoas e precisa ficar enterrado na lama durante as épocas de pouca precipitação.

Phrynops geoffroanus cf. o cágado d'água comum nas lagoas costeiras. Foto 1: Clóvis Franco. 
Foto 2:  Cortesia do  Herpetólogo  Daniel Oliveira Santana.


A biodiversidade nestes ambientes é elevada contribuindo para o sustento de muitas comunidades. Lagoas são conhecidas como depositárias da biodiversidade aquática. Em Sergipe ainda não foi realizado um levantamento da composição florística e da estrutura da comunidade de macrófitas aquáticas das lagoas costeiras. Entretanto algumas espécies ocorrentes foram catalogadas graças aos esforços de botânicos abnegados! Por exemplo, as plantas com folhas flutuantes  Nymphoides sp. e  Nymphaea spp., que são espécies generalistas.
Nymphoides sp.  ocorrente em diversas lagoas do estado.
Folhas flutuantes de Nymphaea spp. -   Shultesia sp. (identificada por Nascimento-Jr.)


As lagoas costeiras de Sergipe suportam uma rica fauna, sobretudo de aves. Jaçanã (Jacana jacana)  e o Frango-d'água azul (Porphyrula martinica) vivem nas lagoas com vegetação aquática.  Alimentam-se de sementes, brotos de plantas, insetos, moluscos, pequenos crustáceos e peixes.

Jaçanã e Frango d'água azul. 1-  Itaporanga; 2- Pirambu.
As lagoas apresentam uma composição de microalgas determinada pelas condições físicas e químicas da água. Observa-se uma dominância de desmídeas e algas filamentosas verdes. A maioria das espécies é bentônica, podendo  encontrar-se associadas à macrófitas aquáticas.



Micrasterias sp. microalga de água doce.
Em várias localidades do país, o turismo predatório se configura como uma das principais ameaças às áreas naturais remanescentes. Ecossistemas diversos irão desaparecer com a construção de infraestruturas inadequadas, especialmente os loteamentos(1,3).
Apesar do Litoral Sul de Sergipe ter sido  contemplado com a criação de uma APA (Área de Proteção Ambiental) e contar instrumentos de planejamento como o Zoneamento Ecológico-Econômico, Plano de Manejo, Planos de Intervenção das Orlas Marítimas e Conselho Gestor, os processos de degradação iniciados antes da criação da APA estão sendo intensificados, o que compromete a manutenção dos ecossistemas naturais(1).

Bibliografia consultada:
1 - OLIVEIRA, S. S. I; COSTA OLIVEIRA, D; GOMES, L. J; FERREIRA, R. A; (2008). Indicadores de sustentabilidade: diretrizes para a gestão do turismo na               APA Litoral Sul de Sergipe. Caderno Virtual de Turismo, vol. 8, núm. 2, pp. 46-55. U. F.  R J.
2 - NASCIMENTO, A. P. (2010). Análise das Atividades Antrópicas em Lagoas Costeiras. Estudo de Caso da Lagoa Grande em Paracuru-Ceará.
3 - AB’SABER, A. (2005).  Litoral do Brasil. São Paulo: Ed. Meta Livros, .
4 - ESTEVES, F. A., (1998). Fundamentos de Limnologia. 2a Ed. Rio de Janeiro, Interciência/ FINEP, 1998. 602 p.




Postagem em construção!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Desastre ambiental: péssimo planejamento resulta em destruição de praias.

Em Sergipe é legal construir na região costeira, em lugares impróprios, sabendo que um dia o mar invade e derruba tudo como consequência do ciclo natural de marés! Quando isso acontece os escombros são abandonados. A maioria coloca uma grande quantidade de pedras na tentativa de proteger o patrimônio! 
Já parou para pensar? Isso não é direito! As consequências são desastrosas: os ambientes ficam ecologicamente alterados, a praia impedida e a paisagem fica desfigurada.


A praia do Saco em Estância, já foi considerada uma das praias mais bonitas do mundo. Mas isso agora é passado! 
Vejam as imagens da destruição...! Por conta da idiossincrasia dos donos das "casas de praia", construídas no lugar que antes era ocupado pelo manguezal, a beleza ficou seriamente comprometida. Ninguém mais pode transitar livremente na  praia...pública! Depois de tudo, um total abandono! Não deu certo, os proprietários viram as costas (de fato, a costa fica virada!)

Como avaliar tais danos ao patrimônio natural? Quem vai limpar essa sujeira? Quem autorizou ou quem permite a colocação de tantos entulhos? Comparem as imagens abaixo.















Barras de areia são móveis, é fato. As instituições que lidam com as questões ambientais sabem disso. As casas construídas na parte interna do povoado do Saco nunca foram atingidas pela água do mar. Por conta disso, os antigos moradores do local, nunca fizeram suas casas na beira da praia. Sempre na retaguarda dos manguezais. 
Sabedoria que nunca foi considerada. 
Molhe construído com pedras e entulho divide a praia, para salvar uma casa! (ressaca em 08/2011)
É isso que temos para oferecer aos turistas? Depois do investimento feito em grandes pontes e estradas para desenvolver o turismo na região, o poder público não está ciente de  tais agressões ao ambiente costeiro? Quem vai numa praia destas, cheia de entulhos?

Mas, o mal não começou daí: desde a década de 80 que o respeito pelo ambiente em Sergipe deixou de existir. Vejam (abaixo) a foto da região denominada de Coroa do Meio . Uma extensa duna, estabilizada pelo manguezal em frente à barra do Rio Sergipe. O manguezal foi devastado pelos "empreendedores" e a região ficou à mercê do avanço das ondas. Tudo isso justificado pelo crescimento  imobiliário desenfreado.

Foto histórica da Coroa do Meio (acima, na boca da barra)

As imagens abaixo mostram os investimentos realizados com dinheiro público, para garantir a integridade de patrimônios particulares em uma área que deveria ter sido mantida naturalmente. 
As consequências desastrosas não pararam por aí. Do lado esquerdo da barra ou boca do rio, na Ilha de Santa Luzia (Barra dos Coqueiros) foi construído outro molhe, com a função de proteger o da Coroa do Meio.  
Tal empreendimento causou sérios transtornos aos moradores da ilha, os quais possuíam imóveis na margem do lado do rio. Muitas casas foram tragadas.


Molhe da Coroa do Meio.
Coroa do Meio vista do molhe da Atalaia Nova - Atalaia Nova,  ondas derrubando casas pelo lado do Rio Sergipe.


Atalaia Nova, mais uma praia "calçada" com pedras.


Todos nós sabemos que não existem catástrofes naturais na região. Mas, quando olhamos a paisagem atual na praia do Saco...lamentamos. Da mesma forma em Aracaju.
"Cidadãos" que não respeitam a natureza, com certeza não a merecem!