quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Degradação ambiental (3): áreas litorâneas importantes estão sendo ocupadas de forma inadequada, causando prejuízos à Flora e Fauna.

Os processos de degradação ambiental existentes já causam efeitos danosos no equilíbrio dos ecossistemas costeiros de Sergipe: redução ou destruição de habitats, afugentamento da fauna, morte de espécimes da fauna e da flora terrestres e aquáticas, com provável interrupção de corredores de fluxos gênicos e de movimentação da biota. 

MANGUE SECO: esgoto sem tratamento está matando o mangue na capital da qualidade de vida!
Foto: Praia Treze de Julho.
Resultados obtidos em 2008 por Almeida e Barbieri (1) indicam que o manguezal da 13 de julho constitui um importante ecossistema para avifauna local e serve como sítio de passagem e de invernada para aves migrantes. Estes achados demonstram que a costa do Estado de Sergipe é uma importante região utilizada como ponto de parada e forrageio para algumas espécies (1)

Ainda, de acordo com os pesquisadores "a avifauna observada demonstra uma grande dependência a esse ambiente". Garças, socós, os maçaricos e batuíras foram as principais aves observadas, destacando-se o guará, Eudocimus ruber. Um único representante do guará foi observado, constituindo um acontecimento muito importante, considerando-se que esta espécie está na lista dos animais ameaçados de extinção do IBAMA (1).

Esgotos "in natura" podem gerar, além do desconforto ambiental, impactos à saúde causados pela poluição do ar, da água e do solo. A desfiguração da paisagem é outro aspecto provocado pelo avanço descontrolado de projetos imobiliários. A qualidade das águas dos rios e das regiões estuarinas estão sendo prejudicadas em razão da turbidez provocada pelos sedimentos em suspensão, assim como pela poluição causada por substâncias lixiviadas e carreadas nos canais pluviais, tais como óleos, graxa, metais pesados, contaminando inclusive as águas subterrâneas.

Esgotos provenientes de diversas fontes (casas, prédios, empreendimentos comerciais, postos de lavagem e bastecimento de veículos, etc.) sendo carreados pelos canais pluviais do bairro Jardins.


Muitas áreas do litoral sergipano já foram alteradas, com modificações permanentes das condições primárias dos ecossistemas (2). A praia da Atalaia vem sendo continuamente modificada, e as espécies de aves encontradas nesta localidade já não são apenas aves estritamente associadas ao ecossistema de praia (2).

O aumento na população de caracarás (Caracara plancus) parece ser um exemplo de desequilíbrio ambiental. "A comprovação de que esses indivíduos estão se alimentando dos restos de comida e do lixo deixados na praia demonstra que a atitude humana vem sendo uma das causas, e está contribuindo para a permanência e, consequentemente expansão populacional desta espécie" (3). A presença desta ave pode ocasionar vários problemas, desde interferência ecológica, como predação sobre outras espécies (inclusive maçaricos), até no âmbito de segurança do tráfego aéreo, já que a praia fica a menos de 4 km do Aeroporto Internacional de Aracaju (2).

Praia Treze de Julho: esgotos e lixo - Caracarás.

Muito importante: através de análises e comparações com estudos anteriores, os resultados parecem indicar um declínio na média global das aves limícolas na praia da Atalaia ao longo dos anos (2). "Esse declínio pode ser resultante do aumento das pressões ambientais e humanas, ou podem ser uma oscilação natural na distribuição das espécies ao longo das rotas migratórias. O número de aves pode não estar diminuindo, mas possivelmente o tempo de permanência e uso das aves na praia da Atalaia pode estar sendo afetado" (2)
"As atividades recreativas, principalmente durante as festividades de final de ano e carnaval, podem aumentar os efeitos negativos, justamente no período crítico, das migrações" (2).

Lixo acumulado nas margens do Rio do Sal.



Além das perdas estéticas, o lixo pode trazer sérios prejuízos ao ambiente marinho: favorece o desenvolvimento de microrganismos (fungos, bactérias, vírus, etc.) causadores de doenças como micoses, hepatite e tétano. Acúmulos de lixo abrigam vetores de doenças, como moscas, baratas e ratos. No caso da fauna marinha, o lixo causa diversos transtornos: garrafas e outros recipientes podem aprisionar pequenos animais; plástico e isopor são confundidos com alimento e ingeridos  inadvertidamente por peixes, aves, répteis e mamíferos, que geralmente morrem por obstrução do aparelho digestivo, na maioria dos casos. 





ESTA POSTAGEM ESTÁ EM CONSTRUÇÃO: COMPLEMENTOS SERÃO ADICIONADOS.
























(1) Almeida, B. J. M. & Barbieri, E. Biodiversidade das aves do manguezal da 13 de julho em Aracaju, Sergipe. O Mundo da Saúde, São Paulo, v. 32, n. 3, p. 317-328, 2008.
(2) Bruno Jackson Melo de Almeida, 2010. AS AVES LIMÍCOLAS MIGRATÓRIAS NAS PRAIAS DE ARACAJU: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA ANTRÓPICA E CONTRIBUIÇÃO PARA AÇÕES DE DESENVOLVIMENTO COSTEIRO Dissertação de Mestrado apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe
(3) Almeida, B. J. M. de; Souza, A. G.; Aguilar, J. M. R. E. & Ferrari, S. F. Abundância
comparativa dos registros do caracará (Caracara plancus Miller 1777) feitos nos
períodos de 2004-2005 e de 2008 a junho de 2009, na praia da Atalaia, Aracaju-Sergipe.
In: III Congresso Latino Americano de Ecologia, São Lourenço, MG, 2009. Anais do III
Congresso Latino Americano de Ecologia. p. 1-3.

2 comentários:

  1. Excelente postagem grande Clóvis... É lamentável a situação em que se encontra boa parte do nosso litoral e mais preocupante é que não há uma perspectiva de melhora, pelo contrário. É preciso, além da conscientização da população, uma ação eficiente dos governantes que elegemos. Um elevado montante de dinheiro público é "jogado fora" anualmente, mas quando se trata de preservação e conservação ambiental, a quantia dedicada a esse fim é minuciosamente calculada, não sendo aplicado um valor adequado.

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  2. Excelente comentário meu amigo!
    Os responsáveis (na esfera do poder público) apenas fazem de conta que estão fiscalizando, cumprindo com o dever de ofício. E pagamos para isso...! No final, estas ações deletérias são autorizadas!Para que maior exemplo do descaso com o ambiente do que esgotos sem tratamento? Estamos mostrando o caos do meio ambiente, em particular no estado de Sergipe. Não tem saída: se mudanças substanciais não forem implementadas, vai acabar tudo! A ganância tapa os olhos e ouvidos de tais corporações.

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