Os processos de degradação ambiental existentes já causam efeitos danosos no equilíbrio dos ecossistemas costeiros de Sergipe: redução ou destruição de habitats, afugentamento da fauna, morte de espécimes da fauna e da flora terrestres e aquáticas, com provável interrupção de corredores de fluxos gênicos e de movimentação da biota.
MANGUE SECO: esgoto sem tratamento está matando o mangue na capital da qualidade de vida! Foto: Praia Treze de Julho. |
Resultados obtidos em 2008 por Almeida e Barbieri (1) indicam que o manguezal da 13 de julho constitui um importante ecossistema para avifauna local e serve como sítio de passagem e de invernada para aves migrantes. Estes achados demonstram que a costa do Estado de Sergipe é uma importante região utilizada como ponto de parada e forrageio para algumas espécies (1).
Ainda, de acordo com os pesquisadores "a avifauna observada demonstra uma grande dependência a esse ambiente". Garças, socós, os maçaricos e batuíras foram as principais aves observadas, destacando-se o guará, Eudocimus ruber. Um único representante do guará foi observado, constituindo um acontecimento muito importante, considerando-se que esta espécie está na lista dos animais ameaçados de extinção do IBAMA (1).
Esgotos "in natura" podem gerar, além do desconforto ambiental, impactos à saúde causados pela poluição do ar, da água e do solo. A desfiguração da paisagem é outro aspecto provocado pelo avanço descontrolado de projetos imobiliários. A qualidade das águas dos rios e das regiões estuarinas estão sendo prejudicadas em razão da turbidez provocada pelos sedimentos em suspensão, assim como pela poluição causada por substâncias lixiviadas e carreadas nos canais pluviais, tais como óleos, graxa, metais pesados, contaminando inclusive as águas subterrâneas.
(1) Almeida, B. J. M. & Barbieri, E. Biodiversidade das aves do manguezal da 13 de julho em Aracaju, Sergipe. O Mundo da Saúde, São Paulo, v. 32, n. 3, p. 317-328, 2008.
(2) Bruno Jackson Melo de Almeida, 2010. AS AVES LIMÍCOLAS MIGRATÓRIAS NAS PRAIAS DE ARACAJU: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA ANTRÓPICA E CONTRIBUIÇÃO PARA AÇÕES DE DESENVOLVIMENTO COSTEIRO Dissertação de Mestrado apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe(3) Almeida, B. J. M. de; Souza, A. G.; Aguilar, J. M. R. E. & Ferrari, S. F. Abundância
comparativa dos registros do caracará (Caracara plancus Miller 1777) feitos nos
períodos de 2004-2005 e de 2008 a junho de 2009, na praia da Atalaia, Aracaju-Sergipe.
In: III Congresso Latino Americano de Ecologia, São Lourenço, MG, 2009. Anais do III
Congresso Latino Americano de Ecologia. p. 1-3.
Excelente postagem grande Clóvis... É lamentável a situação em que se encontra boa parte do nosso litoral e mais preocupante é que não há uma perspectiva de melhora, pelo contrário. É preciso, além da conscientização da população, uma ação eficiente dos governantes que elegemos. Um elevado montante de dinheiro público é "jogado fora" anualmente, mas quando se trata de preservação e conservação ambiental, a quantia dedicada a esse fim é minuciosamente calculada, não sendo aplicado um valor adequado.
ResponderExcluirExcelente comentário meu amigo!
ResponderExcluirOs responsáveis (na esfera do poder público) apenas fazem de conta que estão fiscalizando, cumprindo com o dever de ofício. E pagamos para isso...! No final, estas ações deletérias são autorizadas!Para que maior exemplo do descaso com o ambiente do que esgotos sem tratamento? Estamos mostrando o caos do meio ambiente, em particular no estado de Sergipe. Não tem saída: se mudanças substanciais não forem implementadas, vai acabar tudo! A ganância tapa os olhos e ouvidos de tais corporações.