sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Degradação ambiental (4): ALERTA, áreas importantes de manguezal estão correndo o risco de serem dizimadas.


Esgotos "in natura" estão matando o manguezal na Praia Treze de Julho. Além disso, promovem grande desconforto ambiental, criando uma atmosfera irrespirável com prováveis impactos à saúde. 

Mais grave ainda (segundo informações seguras!), existe um desejo incontido de alguns residentes de prédios de luxo na "Treze", aqueles que ficam em andares mais baixos, de  aniquilar o manguezal naquela região. A razão: as árvores do mangue estão impedindo estes "cidadãos" de avistarem as praias! 
Definitivamente: o ar poluído da "Treze" está contaminando os cérebros das pessoas!

MANGUE SECO, por causa da péssima qualidade dos efluentes carregados de esgotos.

No mínimo indecente, para não falarmos de egoísmo, ignorância, inconsequência, etc.
Barreira de edifícios na "Treze", local onde as árvores do manguezal impedem que os donos de apartamentos de luxo possam observar o oceano das suas varandas! (click na imagem para ampliar)

ESTAMOS EM ESTADO DE ALERTA. Vamos ficar atentos às providências que deverão ser tomadas pelo  Poder Público para coibir tais abusos.  O manguezal está secando em toda sua extensão, como pode ser visto na foto abaixo. 
Será mesmo resultante, exclusivamente, das substâncias tóxicas do esgoto?

Manguezal da Treze de Julho, secando em toda sua extensão.


Já aconteceu antes, na Coroa do Meio, quando o manguezal secou da noite para o dia!  Os manguezais são muito mais importantes para  o oceano global do que anteriormente previsto. As árvores de manguezal, cujas raízes pneumatóforos protegem as zonas úmidas costeiras, formam um importante habitat, berçário para inúmeras espécies de peixes, crustáceos, mamíferos, aves e insetos. Cobrem menos de 0,1% da superfície terrestre, e mesmo assim são responsáveis por 1/10 do carbono orgânico dissolvido (COD) que flui da terra para o mar. Pesquisas sobre a saída de carbono do manguezal no Brasil sugerem que esta é uma das principais fontes de matéria orgânica dissolvida no oceano.

Não vamos permitir que atitudes ignorantes e egoístas contribuam ainda mais com o caos ambiental em Sergipe.

8 comentários:

  1. Queria dizer que acho engraçado, mas a verdade é que acho trágico mesmo. Fico imaginando o que as pessoas de outro estado, por exemplo, devem pensar de uma cidade em que a zona mais valorizada fica em frente a um grande esgoto a céu aberto. Depois começo a refletir nos valores que temos passado para as gerações futuras no sentido de legitimar a visão de manguezal como um ecossistema naturalmente sujo (pois no nosso imaginário lodo = sujeira)e a impressão que tenho é que isso é reforçado pelas políticas públicas ao utilizarem os manguezais dessa forma.
    Retomando agora a questão do imaginário, é impressionante como algumas coisas fazem sentido na prática. Um rapazinho chamado Ademar Bogo, em seu livro Identidade e Luta de Classes fala o seguinte:
    "No mundo dominado pelo consumo e, mais ainda, pelo consumo supérfluo de mercadorias originadas em necessidades abstratas, pensadas pelas empresas, os objetos, não os seres humanos se apresentam como sujeitos nas relações sociais. Soma-se a isto a velocidade com que circulam as informações, ultrapassando em muito a capacidade de seleção, de crítica, de rejeição ou de assimilação, levando a que, parte delas, se perca na circulação e outra parte se projete no imaginário social tornando-se prática sem reflexão – é o momento em que alguns impõem suas próprias intenções aos outros, seja na produção,seja no consumo de tais inventos".
    É diante de tal reflexão que insisto no meu apelo de que a defesa ao meio ambiente está muito além do que a Academia pode oferecer. Não é enquanto indivíduos que vamos conseguir convencer a burguesia sergipana a manter as árvores do manguezal. Precisamos estar coesos, argumentando tecnicamente (é o que nos cabe enquanto biólogos), mas sem perder de vista o dever com aqueles que serão os reais prejudicados: o povo!

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  2. Muito bem colocado! Concordo inteiramente com o colega Túlio. É difícil compreender como uma "sociedade" que vive instalada em apartamentos de luxo, anda em carros importados mais caros do que casas (são muitos!), consegue conviver com uma situação realmente trágica. Bairros fétidos, calçadões e ciclovias margeando esgotos que exalam odores fortemente amoniacais! Só existe uma justificativa além da indiferença a tudo: a santa ignorância. Mesmo assim, aquele que contribui ou mesmo corrobora com tal crime é irresponsável e insensato. Concordo também com seu argumento sobre o consumo supérfluo. Vivemos, em detrimento da próprio planeta, criando necessidades. Vivemos rodeados de bens de consumo absolutamente desnecessários. Precisamos mesmo estar coesos, argumentando e denunciando abusos contra o povo e contra a natureza. Infelizmente, somente alguns poucos estão prestando atenção, o problema é grave.

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  3. Bem, a quem goste de abrir suas janelas e respirar o doce odor do esgoto da cidade. É assim na 13 de Julio. Riquinhos cheirando merda dos pobres dos bairros anteriores. Solução? Simples... o próprio MPF está instalado lá... é área de APP... quem utiliza, deve pagar por isso... ou vcs acham que o MPF não fez nada à toa? Tem prédios lá isentos de IPTU por estarem em área de APP, acreditam? Se não acreditam, vejam bem em quem votar na eleição seguinte.
    É preciso acordar. Todos nós!

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    1. Acho que é pior: os riquinhos cheiram os próprios excrementos! Somos forçados a suportar essa merda toda! Digo forçados porque nunca vamos aceitar essa realidade.
      Quanto a APP, acredito que não é por falta de percepção. O MPF, no tempo de Paulo Jacobina expôs alguns fatos e fundamentos: "OS MANGUEZAIS DE ARACAJU. As fotos e o filme anexos demonstram que os manguezais aracajuanos vêm sofrendo sucessivos
      impactos, comprometendo não somente sua integridade, como também sua própria existência.Esgotos, lixo, má conservação, invasão, envenenamento de árvores, morte inexplicada de vegetação, aterros, tudo isso se encaminha para a regularização das ocupações junto à gerência (ou qualquer que seja o nome que esse órgão tenha) de patrimônio da União, que aceita a ocupação, aos órgãos administrativos ambientais, que findam por achar que a “pressão antrópica” retirou o valor ambiental da área e homologam a destruição existente, bem como, por fim, da Prefeitura, que tolera a destruição e em seguida regulariza a ocupação, quando não é ela própria a promover a destruição, como no caso da Avenida Pedro Valadares (filme anexo), em que cerca de trinta e dois hectares de manguezal foram suprimidos em troca de um “parque municipal” com pouco mais de dois hectares, e com baixíssima possibilidade de sobrevivência em meio a arranha-céus." Nada mudou no entanto! Qual a razão? Realmente, precisamos acordar! Já passou do tempo amigo Xis!

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  4. E desculpem o desabafo... é apenas alguém cansado de "caçar" quem desrespeita a natureza. Descobri, depois de muito tempo, que "caço" as pessoas erradas. Aquelas a quem eu deveria "caçar", me colocam no cativeiro antes mesmo de eu agir. PLC 140, Dr. Clovis... (artigo 17, pra ser mais exato). É disso que eu falo. E a sociedade cala-se diante de tanta aberração. Viva a bolsa "qualquer coisa" que ganhamos no fim do mês...

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    1. Nada de desculpa, é verdade, você tem razão, o assunto é muito sério.
      A sanção presidencial da Lei Complementar 140...que mancada, pegou todo mundo de surpresa, considerando que os jornais só falavam de Belo Monte e Código Florestal. A LC 140 (Art. 17), desmonta uma estrutura que está funcionando: o Ibama perde o poder de autuar crimes ambientais quando o licenciamento é de responsabilidade de estados e municípios. Terrível isso, mas estamos observando os desdobramentos e também algumas interpretações.
      Não quero parecer D. Quixote, mas não podemos deixar de fazer nossa parte; essa turma conta com isso, vamos continuar "caçando" os cretinos, por favor. Queremos agradecer, pois seu comentário trouxe "a realidade" à tona.

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  5. Como o sr. sabe, professor, eu trabalho na SEMARH. Ajudo a desenvolver projetos ligados à educação ambiental e acredito que esta educação de maneira responsável e comprometida pode sim rever os problemas de uma determinada comunidade. O problema é que a maioria dos projetos em educação ambientais, hoje, são batidos. Esquetes teatrais com temas relacionados ao meio-ambiente, gincanas ambientais e etc simplesmente não funcionam! Ajudam mas não funcionam!

    O que acredito é que deve haver, desde a escolaridade fundamental, o ensino efetivo e prático da educação ambiental. Hoje, a lei de Educação Ambiental (9795) em seu artigo 10, inciso 1º diz a educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo. Eu discordo. Deve sim haver o ensino obrigatório ligado a práticas ambientais desde cedo nas escolas pois, desta forma, o indivíduo crescerá com a noção teórica e prática de como deve lidar com a natureza que o rodeia.

    Eu sinceramente fico um tanto envergonhado por pessoas que fomentam eventos de educação ambiental acreditando piamente que aquilo resolverá ou diminuirá substancialmente o problema. Não diminui! Um adolescente ou um adulto que cresceu vendo seus colegas de colégio, vizinhos e parentes jogando lixo na rua ou tratando com indiferença os esgotos a céu aberto, por exemplo, não irá mudar porque participou de uma gincana onde ganhava quem conseguisse recolher o maior números de garrafas pet! Isso chega a ser patético. É tampar o sol com a peneira.

    Essas atividades devem ser, tão somente, COMPLEMENTARES a uma educação que já esteja sendo aplicada desde cedo de maneira formal nas escolas! É simplesmente uma incorporação de boas maneiras. Ora, se é através da escola e da família que a sociedade nos é apresentada, nós reproduziremos o que lá for reproduzido.

    Coletivos educadores ajudam? Sim! A educação ambiental feita nos moldes atuais ajuda? Sim! Programas de capacitação em gestão ambiental ajudam? Sim!
    Mas resolvem? NÃO!

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    1. Excelente Lucas! Sua análise é perfeita.
      Em outras palavras: educação ambiental deve se constituir numa forma abrangente de educação, que alcance todos os cidadãos, através de um processo participativo PERMANENTE, incutindo uma consciência crítica sobre a problemática ambiental. No sentido de mudar o comportamento, o povo precisa não somente “saber o que é bom para todos ao longo do tempo”, mas que lhes sejam oferecidas alternativas práticas para que mudem a maneira de usar os recursos naturais, em pouco tempo! E isso se aplica principalmente àqueles que retiram seu sustento do ambiente onde vivem.
      Você está certo: “A educação ambiental feita nos moldes atuais ajuda? Sim! Programas de capacitação em gestão ambiental ajudam? Sim! Mas resolvem? NÃO!”.
      Não existem soluções fáceis, e é impossível dar ‘receitas’ para lidar com as pressões humanas em geral. Soluções práticas vão emergir do conhecimento detalhado e análises objetivas da situação de cada local.
      Além do que, estratégias básicas como o cumprimento das leis e cooperação deveriam ser alcançadas. Mas, talvez até mesmo antes de se fazer cumprir as leis rigorosamente, deveríamos tentar estabelecer uma relação amigável e construtiva entre a fiscalização, no caso SEMARH e/ou IBAMA e as populações locais, na tentativa de resolver conflitos antes que se tornem não gerenciáveis, como é o caso da praia do Saco. A ocupação desordenada da zona costeira é um problema grave que precisa ser combatido, já!

      De outra forma, como diz Lovelock: “talvez os cristãos necessitem de um novo Sermão da Montanha que estipule os limites necessários para conviver decentemente com a Terra e que explicite as regras para conseguir isso”! Como a maioria é religiosa, “poderia aceitar a Terra como parte da criação de Deus, protegendo-a da profanação”.
      Mas você está certo, eu também concordo, o poder público está sendo irresponsável, conivente, agindo de forma precária, na base do faz-de-conta.

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